As culturas podem ser pesadas e medidas e podem estar mais próximas da santidade, justamente porque um ser humano também pode. Como trabalhar cultura, então, no Ensino Fundamental, com os jovens de hoje?
No artigo passado, entendemos melhor o papel da cultura na comunidade humana, e como esta representa um aspecto finito de um Deus infinito. Mas isso não quer dizer que todas as culturas só tem bons fundamentos, pois existem pontos controversos na maioria das culturas.
Como avaliar uma cultura
A primeira regra para avaliar uma cultura está dentro do coração humano como seu primeiro princípio de ação: Fazer o bem, evitar o mal. Isto significa que precisamos considerar uma cultura face ao grupo que rege.
Ela maltrata uma parcela dos que a seguem? É um ponto ruim dessa cultura, fruto do pecado e da ignorância. A cultura que prescrevia a morte da esposa quando seu esposo falecia, por exemplo, provocava uma atitude desumana e esta precisava ser combatida.
O segundo ponto de avaliação eleva a medida: essa cultura privilegia a prática do bem? Se sim, atinge uma excelência maior. As culturas que favorecem a desonra, a corrupção, a arrogância são culturas também manchadas pela fragilidade humana.
Por fim, o ponto auge de avaliação deve ser o seguinte: essa cultura expressa um aspecto da humanidade que nenhuma mais outra consegue, e, em último plano, retrata aos olhos dos outros seres humanos alguma peculiaridade de Deus?
Por exemplo: a cultura da lealdade que os povos nipônicos expressam em suas relações, que os levou mesmo aos maiores sacrifícios em sua história. Tal lealdade representa a lealdade de Deus para com seu povo, sua Igreja, que nunca a abandona ou a esquece.
Quando uma cultura atinge este refinamento, ela representa a “luz primordial” do povo, e se torna uma joia no manto de culturas que a humanidade porta. Como sabemos, nem todas as práticas podem ser boas, porque o ser humano é facilmente corrompido e desequilibrado, seja para o lado da fanatização ou do relaxamento; mas o princípio se mantém sólido, seguro e impávido para que aqueles que praticam tal cultura se espelhem com segurança.
Como devo trabalhar cultura na escola?
Se você, caro leitor, seja um professor ou professora, ou ainda um pai ou uma mãe atentos, quer ensinar ao seu filho a admirar as culturas humanas, a respeitá-las e a considera-las, não precisa de enormes manuais ou de horas de ensino. A literatura é uma ótima forma de ensinar cultura.
Proporcionar às crianças e jovens leituras hábeis de nações diferentes pode ilustrar a eles as diversas culturas existentes. A leitura de obras de época, adaptadas à idade dos filhos, como os três mosqueteiros ou o pequeno príncipe, lhe darão um arsenal para sua imaginação, ainda muito espontânea, produzir conceitos e valores que hoje são raros e poucos comunicados.
E para os mais velhos, já adentrando na adolescência, estimular leituras de autores mais conceituados, que souberam resgatar de suas épocas um sulco admirável: Camões, Machado de Assis, José de Alencar e outros.
As obras admiráveis que retratam piedosos santos também é utilíssima, como o livro O Mendigo de Granada, editado pela Fides et Ratio Edições e Ensino, lembram à prole que de nada valem os grandes feitos quando não vem acompanhados de uma profunda humildade, modéstia e disciplina.
E é importante que os pais estejam atentos aos desenhos e séries que os seus filhos consomem: neles podem haver a transmissão de culturas deploráveis e más, como vimos nos tópicos acima. Acima de tudo, a conversa com as crianças, a comunicação sincera, gentil e carinhosa de alguém que já passou pela fase deles e hoje sabe pesar melhor o que recebe na vida é essencial.
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