"Pela vossa paciência, possuireis e salvareis as vossas almas” (Lc 21, 19).
NOS TEMPOS DIFÍCEIS que temos que atravessar, devemos recordar o que Nosso Senhor nos disse sobre a virtude da fortaleza, necessária para não nos assustarmos com qualquer ameaça e para não sermos detidos por nenhum obstáculo no caminho da salvação.
Gostaríamos aqui de falar especialmente sobre a virtude da paciência, que é a forma mais frequente sob a qual se exerce a fortaleza da alma nas contrariedades da vida. Ela deve estar, no cristão, unida à doçura, e de tal maneira que aqueles que são naturalmente mansos aprendam a ser fortes e aqueles que são naturalmente inclinados à virtude da fortaleza tornem-se mansos, no sentido da bem-aventurança evangélica: beati mites.
A paciência, diz Santo Tomás, é uma virtude que se liga à virtude da fortaleza, impedindo que nos afastemos da razão correta iluminada pela fé, sucumbindo às dificuldades e à tristeza. Ela faz suportar os males da vida com igualdade de alma, diz Santo Agostinho, sem se deixar perturbar pelas contrariedades. O impaciente, por mais violento que seja, é um fraco; quando murmura levantando a voz, na verdade sucumbe do ponto de vista moral. Ao contrário, o paciente suporta um mal inevitável para permanecer no caminho correto, para continuar sua ascensão para Deus. Quanto àqueles que suportam a adversidade para alcançar o que o seu orgulho deseja, estes têm apenas o simulacro da virtude da paciência, que não é senão a rigidez.
Por esta virtude, a alma possui verdadeiramente a si própria, acima das flutuações da sensibilidade deprimida pela tristeza. Os mártires são, no mais alto grau, mestres de si mesmos e livres. Na paciência encontramos algo do ato principal da virtude da fortaleza: suportar as coisas dolorosas sem sucumbir. É mais difícil e mais meritório, diz Santo Tomás, suportar por muito tempo o que contraria vivamente a natureza do que atacar um adversário em um momento de entusiasmo.
Assim, a paciência é a guardiã de outras virtudes; ela as protege das desordens que a impaciência causaria; ela é como um contraforte do edifício espiritual.
Para ter a paciência como uma virtude sólida, é preciso estar em estado de graça, ter a caridade que prefere Deus a tudo, custe o que custar. É por isso que São Paulo disse: “A caridade é paciente” (1 Co 13, 4).
Se as contrariedades da vida durarem muito tempo e sem interrupção, como acontece com uma pessoa que tem de viver com alguém que não para de lhe criar problemas, então é necessária uma virtude especial, que se assemelha à paciência e que é chamada de longanimidade, por causa da duração da provação, por causa da duração do sofrimento, dos insultos, de tudo o que tem de ser suportado durante meses e anos.
* Trecho extraído da obra "As Virtudes Morais, armadura da vida cristã". Pe. Garrigou-Lagrange.
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Que interessante a diferença entre paciência e rigidez. O fim da ação determina se é um vício ou uma virtude a ação do sujeito. Interessante mesmo. Agora é vigiar-se a si mesmo e fazer o certo pelo motivo certo.